O PAPEL DA LIDERANÇA E SEU IMPACTO NA SAÚDE MENTAL NO TRABALHO

O PAPEL DA LIDERANÇA E SEU IMPACTO NA SAÚDE MENTAL NO TRABALHO



O que você pensa quando o tema é saúde mental no trabalho?

Durante muito tempo, falar sobre saúde mental no ambiente de trabalho era um tabu, mas hoje não podemos mais ignorar esse tema, pois vivemos uma crise de saúde mental no país, que impacta diretamente os trabalhadores e as empresas.

A saúde mental no trabalho envolve o estado emocional, psicológico e social dos colaboradores. Hoje, reconhecemos que o local de trabalho é onde as complexidades emocionais e mentais se manifestam e interagem com as exigências profissionais. Problemas como estresse, ansiedade e depressão afetam diretamente o desempenho, a segurança e a satisfação dos colaboradores.

Dados revelam que, em 2024, o Brasil registrou o maior número de afastamentos do trabalho por transtornos mentais (mais de 470 mil), principalmente relacionados a ansiedade e depressão.  

Segundo o Smartlab, em 2019, cerca de um bilhão de pessoas viviam com algum transtorno mental, representando 15% da população em idade ativa. Além disso, anualmente, a depressão e a ansiedade resultam na perda de 12 bilhões de dias de trabalho, gerando um impacto econômico global de quase um trilhão de dólares (OIT-OMS).

A OMS (Organização Mundial da Saúde) prevê que a depressão será a doença mais comum do mundo em 2030.

Não nos faltam dados para evidenciar a gravidade desse tema, no entanto muitas organizações ainda possuem barreiras culturais que subestimam o impacto da saúde mental na vida de seus colaboradores e consequentemente em seu negócio.

Esse tema é tão atual que, desde maio de 2025, entrou em vigor a atualização da NR-01, norma regulamentadora, com a inclusão dos fatores de risco psicossociais na elaboração do Plano de Gerenciamento de Riscos (PGR) das organizações.


O QUE SÃO RISCOS PSICOSSOCIAIS?

São aspectos relacionados à concepção, organização e gestão do trabalho que têm o potencial de causar danos físicos, psicológicos ou socias ao trabalhador, como por exemplo: sobrecarga de trabalho ou jornadas excessivas, ambiente hostil e tóxico, insegurança no emprego e/ou falta de controle sobre as tarefas, assédio moral e sexual, desigualdade ou discriminação.


E ONDE ENTRA O PAPEL DA LIDERANÇA NESSA HISTÓRIA?

A liderança é ponto focal da gestão de pessoas em uma organização e também um dos principais meios pelos quais a cultura organizacional é disseminada.

Os líderes exercem influência determinante sobre a saúde mental e o bem-estar no ambiente de trabalho. Pesquisas demonstram que o estilo de liderança pode ser tanto um fator de risco quanto um fator de proteção para a saúde mental dos colaboradores.


Impacto da liderança na saúde mental:

  • Clima organizacional: Líderes estabelecem o tom emocional e as normas de comportamento.
  • Demandas e recursos: Influenciam diretamente a distribuição de tarefas, prazos e recursos.
  • Reconhecimento e feedback: Determinam como o desempenho é avaliado e reconhecido.
  • Modelo de comportamento: Demonstram, através de suas ações, o que é valorizado.
  • Suporte social: Podem ser fonte direta de apoio ou criar barreiras para o suporte aos colaboradores.

 

Estudos da OMS e OIT identificam a qualidade da liderança como um dos principais fatores determinantes para ambientes de trabalho psicologicamente saudáveis. Líderes eficazes na promoção da saúde mental:

  • Reconhecem a importância da saúde mental e a priorizam.
  • Demonstram autenticidade e vulnerabilidade apropriada.
  • Estabelecem limites claros e respeitam os limites dos colaboradores e equipes.
  • Adaptam seu estilo às necessidades individuais dos colaboradores.
  • Promovem autonomia e senso de controle.
  • Facilitam conexões significativas entre os membros da equipe.

 

COMUNICAÇÃO NÃO-VIOLENTA E FEEDBACK CONSTRUTIVO:

A comunicação é uma ferramenta fundamental para líderes que desejam promover saúde mental e segurança psicológica. A Comunicação Não-Violenta (CNV), desenvolvida por Marshall Rosenberg, oferece um framework valioso para interações que preservam o bem-estar psicológico.

Princípios da Comunicação Não-Violenta:

  • Observação sem julgamento: Descrever fatos específicos.
  • Expressão de sentimentos: Identificar e comunicar emoções genuínas.
  • Conexão com necessidades: Reconhecer necessidades humanas universais.
  • Formulação de pedidos claros: Solicitar ações concretas e negociáveis.

 

Aplicação ao feedback construtivo:

  •  Feedback baseado em observações: "Notei que você chegou 15 minutos atrasado nas últimas três reuniões" (em vez de "Você é sempre irresponsável com horários").
  • Impacto emocional: "Sinto-me preocupado e frustrado" (em vez de "Você me irrita").
  • Necessidades subjacentes: "Valorizo previsibilidade e respeito pelo tempo da equipe" (em vez de assumir má intenção).
  • Pedidos específicos: "Gostaria que você chegasse no horário ou avisasse com antecedência se houver atraso" (em vez de "Precisa melhorar sua atitude").

 

RECONHECIMENTO DE SINAIS DE SOFRIMENTO PSÍQUICO NAS EQUIPES:

Lideranças humanizadas desenvolvem a capacidade de identificar precocemente sinais de sofrimento psíquico, permitindo direcionamentos oportunos antes que problemas se agravem.

Sinais comportamentais dos colaboradores:

  •  Mudanças no padrão de presença (atrasos, faltas, saídas antecipadas).
  • Alterações na produtividade ou qualidade do trabalho.
  • Isolamento social ou mudanças nas interações.
  • Irritabilidade, conflitos ou reações emocionais desproporcionais.
  • Dificuldade de concentração ou tomada de decisão.
  • Expressões de desesperança ou desamparo.

 

Sinais organizacionais:

  • Aumento de conflitos interpessoais na equipe.
  • Elevação de queixas e reclamações.
  • Redução da participação em reuniões e eventos.
  • Aumento de erros e incidentes.
  • Resistência a mudanças ou novas iniciativas.


As organizações precisam se preparar para enfrentar os riscos psicossociais no ambiente de trabalho e isso exige ações preventivas concretas, com a identificação dos fatores que possam impactar na saúde mental dos colaboradores.  O desenvolvimento dessa habilidade é crucial para os líderes.

Além de promover um ambiente saudável e seguro para uma performance sustentável, é essencial capacitar gestores para identificar e mitigar fatores de risco, como estresse, assédio e sobrecarga mental, prevenindo ambientes de trabalho tóxicos e degradantes, que levem ao adoecimento.

O papel da liderança é fundamental na prevenção da saúde mental e promoção do bem-estar dos colaboradores.

Como você está se preparando para agir de forma preventiva com a saúde mental de seus colaboradores?

 Conclusão

A forma como lideramos impacta diretamente a saúde mental das equipes. Investir em uma liderança mais humana, atenta e preparada é essencial para construir ambientes de trabalho mais saudáveis e sustentáveis.

E você, como enxerga o papel da liderança na saúde mental no trabalho?
👉 Deixe sua opinião nos comentários e vamos seguir essa conversa!



 

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