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Em um mundo cada vez mais complexo e veloz, liderar pessoas
deixou de ser apenas uma questão de técnica ou carisma. Durante toda a minha
jornada, foram poucos aqueles que presenciei a liderança nata. Mas a ciência
tem revelado que compreender como o cérebro humano funciona pode transformar
profundamente a forma como lideramos – e é exatamente aqui que entra a neuroliderança.
Me encantei com o tema, abordado em minha pós graduação e
acredito verdadeiramente que aquele líder que estiver disposto a compreender um
pouco dessa ciência, não irá só se encantar, mas se beneficiará muito!
O termo foi nomeado por David Rock, pesquisador
que uniu descobertas das neurociências, psicologia e práticas de gestão para
ajudar líderes a tomar decisões mais eficazes, melhorar relacionamentos e criar
ambientes mais colaborativos. Já deixo uma indicação de um livro seu, perfeito
para quem lidera: “Não diga aos outros o que fazer, ensine-os a pensa.”
Mas afinal, o que a neuroliderança tem a ver com o seu dia a
dia como líder? Tudo.
Neste artigo, quero compartilhar as principais
contribuições da neuroliderança e como você pode aplicá-las de forma
prática na sua rotina.
1. Tomada de decisão com mais clareza
Um dos pilares da neuroliderança é entender como tomamos
decisões. Nosso cérebro está o tempo todo tentando economizar energia,
recorrendo a atalhos mentais (os chamados viéses cognitivos) para
decidir mais rápido. Isso pode ser útil, mas também nos leva a julgamentos
precipitados.
Exemplo prático:
Você está contratando alguém e tem a impressão imediata de
que a pessoa “não tem o perfil”. Antes de seguir esse impulso, pare e se
pergunte: estou tomando essa decisão com base em dados ou em uma impressão?
Perguntar-se isso ativa o córtex pré-frontal, responsável pelo
raciocínio lógico, e ajuda a sair do modo automático.
Na prática: criar momentos para refletir antes
de decisões importantes, fazer perguntas estratégicas e convidar outros pontos
de vista pode melhorar potencialmente a qualidade das suas escolhas.
2. Autocontrole e gestão emocional
Outro grande ganho da neuroliderança é a capacidade de regular
suas próprias emoções. O cérebro humano reage de forma intensa a ameaças —
e elas não precisam ser físicas: um feedback mal dado, uma crítica em público
ou uma cobrança podem acionar o sistema límbico, especialmente a amígdala,
que ativa o modo "luta ou fuga".
Exemplo prático:
Você está em uma reunião tensa e alguém questiona sua
decisão. Seu impulso é se defender imediatamente. Mas ao reconhecer a emoção
surgindo e usar técnicas como respiração profunda ou pausa consciente, você
envia um sinal ao cérebro de que está tudo bem — e retoma o controle da
situação.
Na prática: líderes que treinam o autocontrole
emocional geram mais segurança psicológica na equipe e evitam
escaladas de conflito.
3. Feedback com base no cérebro social
Nosso cérebro é altamente social, pois somos uma espécie
social. Pesquisas mostram que a rejeição ou a exclusão social ativam as mesmas
áreas cerebrais da dor física. Isso significa que um feedback mal estruturado
pode ser percebido como uma agressão.
Exemplo prático:
Em vez de dizer “você está sempre atrasado e isso está
atrapalhando”, reformule: “Notei que nas últimas semanas você teve dificuldades
com os prazos. Como posso te apoiar para que isso não se repita?” Essa mudança
de linguagem ativa áreas ligadas à empatia e à colaboração, ao invés de defesa
e medo.
Na prática: aplicar modelos de feedback que
consideram a neurociência, como o modelo SCARF (Status,
Certeza, Autonomia, Relacionamento e Justiça), reduz resistências e aumenta o
engajamento.
4. Engajamento e motivação com base em segurança
psicológica
Um cérebro sob estresse constante não consegue inovar,
cooperar ou aprender. Quando líderes criam um ambiente de segurança
psicológica, onde errar não é punido e ideias são bem-vindas, o cérebro se
sente seguro para operar no seu melhor estado: curioso, criativo e conectado.
Exemplo prático:
Imagine uma equipe que passou por um erro em um projeto
importante. Um líder que entende de neuroliderança não busca culpados, mas
convida todos a uma retrospectiva construtiva, onde o erro vira aprendizado.
Na prática: líderes podem perguntar: “O que
aprendemos com isso? O que podemos fazer diferente da próxima vez?”, ao invés
de “Quem errou aqui?”
5. Construção de confiança com base na empatia
A confiança é fundamental para a performance, e ela nasce
quando o líder é percebido como coerente, humano e confiável. A empatia ativa
o córtex pré-frontal medial, responsável por nos colocar no lugar
do outro.
Exemplo prático:
Um colaborador apresenta queda de performance. Em vez de
apenas cobrar resultados, o líder empático pergunta: “Está tudo bem com você?
Notei que algo mudou, posso ajudar em algo?”
Na prática: dedicar tempo para conversas reais,
ouvir ativamente e demonstrar interesse genuíno pela pessoa (e não apenas pela
entrega) fortalece vínculos e gera engajamento.
Conclusão
A neuroliderança não é uma moda passageira. Ela representa
uma nova forma de compreender o comportamento humano à luz da ciência — e usar
esse conhecimento para liderar com mais consciência, presença e impacto.
Se você é líder e deseja evoluir, comece olhando para
dentro: como suas emoções, hábitos e crenças moldam sua forma de agir? A partir
daí, amplie sua percepção sobre o outro. Liderar, afinal, é uma jornada de
dentro para fora — e o cérebro é seu maior aliado nessa caminhada.
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Sou Alessandra Gasparini, neurocientista, coach e leader training. Especialista no desenvolvimento de Líderes.
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